A Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace Esperança)
perdeu um lote de sementes de maconha vindo da Espanha. De acordo com o setor
jurídico da ONG, o insumo que vinha do país europeu foi retido pela Aduana no
Aeroporto de São Paulo e teve que ser devolvido. O material é necessário para
fazer cumprir a decisão judicial conquistada pela ONG que autoriza o cultivo e
a manipulação para uso medicinal da planta.
Ainda de acordo com a ONG, a carga de sementes seria responsável para
abastecer o ano de 2019 inteiro. O jurídico afirmou que está encaminhando a
demanda ao Poder Judiciário, para que eles analisem a situação.
“Nosso pedido é que seja garantida a decisão judicial e que, assim, a
Abrace possa receber as sementes e cumprir com seu objetivo estatutário, que é
de dar assistência às famílias associadas”, afirmou Yvson Cavalcanti De
Vasconcelos, advogado da ONG.
Segundo o advogado, não há uma data específica para a decisão judicial.
Ele alegou que a Abrace confia que o Judiciário será sensível à causa.
“Quanto ao prazo, não existe uma data estipulada para tal apreciação.
Confiamos que o Tribunal Regional Federal 5 (TRF5) seja célere e dê uma
resposta satisfatória com a brevidade que o caso requer, ou rapidamente
ficaremos sem plantas para a produção do óleo”, declarou
Não há produção sem sementes
Yvson alegou ainda que não há como ter os produtos medicinais
necessários sem o cultivo da planta e que, para isso, é necessário que haja as
sementes.
“O órgão alega que não pode permitir a entrada de produtos não
autorizados pela Anvisa, mas é óbvio que não podemos fazer valer a decisão
judicial que nos garantiu a produção do óleo de cannabis sem as sementes.
Então, mesmo que indiretamente, a Anvisa está descumprindo uma decisão
judicial”, comentou o advogado da Abrace Esperança, Yvson Cavalcanti.
A ONG teme precisar deixar de atender as pessoas em virtude do problema
imposto pela Aduana. Seriam 1.100 usuários do óleo e da pomada de cannabis que
poderiam passar a ter reflexos nos tratamentos
“A Abrace fica com o coração na mão em pensar ter que não atender essas
pessoas que precisam para controlar as doenças, mas não temos o que fazer. A
compra de semente de maconha só é legal fora do Brasil, por isso importamos”,
disse o advogado.
As sementes apreendidas foram encomendadas para a colheita de 2019 e a
Associação não sabe como proceder sem esses insumos. O diretor executivo da
Abrace, Cassiano Teixeira, explicou que sem essas sementes a colheita deste ano
está prejudicada. “Vale salientar também que dentro do pacote continha a
sentença da Justiça e mesmo assim a caixa foi apreendida”, falou.
A Aduana é uma repartição governamental oficial de controle de entradas
(importações) e saídas (exportações) de mercadorias para o exterior ou dele
provenientes. A Abrace produz o óleo e a pomada de cannabis para tratar doenças
como epilepsia, autismo e câncer.
O Portal Correio entrou em contato com o Governo
Federal através de ligações e e-mail. Até o fechamento desta matéria, as
solicitações não foram atendidas.