Incêndio de ônibus “pela educação”


Em dia de protestos contra os cortes na educação, milhares de pessoas saíram às ruas em ao menos 172 cidades nesta quarta-feira (15), em manifestações que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou serem feitas por militantes imbecis e “idiotas úteis” usados como “massa de manobra”.
Participaram manifestantes convocados por sindicatos contrários à reforma da Previdência, pauta original dos atos, e estudantes e professores de escolas e universidades públicas e privadas.
No final do dia, a UNE, há décadas “aparelhada” pelo PCdoB, que não liderou protestos contra cortes de verbas na educação durante os governos do PT, convocou um novo megaprotesto em todo o país para o próximo dia 30.
Havia políticos e militantes de partidos de esquerda, integrantes de centrais de trabalhadores e alguns carregando bandeiras com a mensagem “Lula Livre”. Bandeiras do Brasil praticamente nçao foram exibidas, No Rio de Janeiro, houve incêndio de ônibus.
Na capital paulista, o ato ocorreu na avenida Paulista e depois seguiu para a Assembleia Legislativa.
O contingenciamento atinge 30% das despesas discricionárias das universidades, que bancam despesas de custeio, como luz e água, e gastos com empresas terceirizadas de segurança e limpeza, por exemplo. Em conta que inclui salários de funcionários e professores, o “corte” é de apenas 3,4%.
“É natural [que haja protesto], agora a maioria ali é militante, não tem nada na cabeça, se perguntar 7×8 pra ele, não sabe. Se você perguntar a fórmula da água, não sabe, não sabe nada”, afirmou Bolsonaro nos EUA. “São uns idiotas úteis, uns imbecis, que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais no Brasil.”
Em Brasília, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, comparou os cortes à compra de um vestido para festa de debutante. “É que nem o pai que sabe que tem que comprar o vestido de 15 anos da filha lá em outubro, mas ele está em maio”, disse, ao argumentar que não se trata de corte, mas de reserva.
Já Hamilton Mourão (PRTB), presidente interino enquanto Bolsonaro está nos EUA, afirmou que o governo falhou ao explicar os cortes. Posteriormente, disse acreditar que “houve exploração política” das manifestações para usá-las como protesto ao governo.
Mourão ressaltou ainda que outros governos também fizeram contingenciamentos no orçamento e não enfrentaram manifestações.

Em nota, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros afirmou que as manifestações são “legítimas” e “democráticas”, “desde que não se utilizem de violência, nem destruam patrimônio público”.
Em Salvador, o PT não foi poupado. Professores das universidades estaduais, em greve há mais um mês e com os salários congelados desde 2015, levaram cartazes com críticas aos cortes no orçamento estadual.
Em Brasília, agentes da Força Nacional de Segurança se posicionaram em frente ao Ministério da Educação com escudos e capacetes, mas não houve conflito. Em São Paulo, o deputado estadual Mamãe Falei (DEM) discutiu com manifestantes quando o ato chegou à Assembleia Legislativa.

Cartazes – Um dos cartazes parecia simbolizar os eventos desta quarta-feira (15), dando razão tanto aos que pedem mais investimentos com a educação quanto aos que, no atual governo, criticam a precarização da educação no País. Nele, uma mulher, não se sabe se estudante ou professora, exibiu o cartaz “O governo não quer  educação porque educação derruba o governo”. Em vez de escrever corretamente “dar”, forma do verbo no infinitivo, a manifestante usou “dá”, forma conjugada do verbo dar na terceira pessoa do singular do presente do indicativo.