O vendedor Carlos Roberto Silva
Miranda, de 30 anos, ainda se recupera das agressões que sofreu durante um
assalto em Ribeirão Preto (SP). Ele é deficiente físico e os ladrões também
danificaram a cadeira de rodas elétrica que utiliza para vender balas no Centro
da cidade.
“Insegurança, medo, não consegui dormir à noite. A todo o
momento tenho crise de choro lembrando o que eu passei."
Miranda foi rendido por dois jovens, sendo um deles armado, por
volta de 20h30 desta segunda-feira (30), quando abria o portão da casa na Rua
Bahia, no Ipiranga. O vendedor diz que os suspeitos colocaram a arma na cabeça
dele e o ameaçavam de morte.
“Eles me colocaram no quarto,
me jogaram no chão, pediram a senha do meu celular. Não estava conseguindo
desbloquear e começaram a chutar minha cabeça. Não precisava, porque não estava
lembrando. Não precisava me bater porque eu não tinha defesa”, afirma.
Atordoado e com ferimentos na cabeça, Miranda foi deixado no
quarto trancado e com a luz apagada. A dupla roubou televisão, videogame,
celular e dinheiro. A invasão e a fuga dos criminosos foram registradas pela
câmera de segurança de um imóvel vizinho.
“Falaram que se eu gritasse ou tentasse outra coisa, voltariam
para me matar. Cortaram toda a fiação da minha cadeira para não conseguir
sair.”
O vendedor foi socorrido pela vizinha, a enfermeira aposentada
Nair de Almeida. Ela conta que escutou os gritos de Miranda, mas os ladrões
trancaram a porta da casa e levaram as chaves. A Polícia Militar precisou
arrombar o imóvel para socorrer o rapaz.
Nair se prontificou a consertar a cadeira de rodas elétrica
usada pelo vendedor. A vizinha também está oferecendo apoio para que Miranda se
recupere do trauma. Ele registrou um boletim de ocorrência sobre o crime na
manhã desta terça-feira (1º).
“É um moço indefeso e trabalhador. A gente fica com medo, apesar
das câmeras que a gente põe, paga guarda na rua. O medo é isso: na hora que
está chegando em casa, fazer o que mediante um revólver no seu pescoço? Na
hora, você não tem reação”, afirma.